Essa sintomatologia da Síndrome
Normal da Adolescência trazida por KNOBEL é bastante evidente em nosso meio
social. A história do filho, irmão, sobrinho, etc. que até a infância era
aquele cujo qual, todos se orgulhavam e não tinham queixas e que ao entrar na
adolescência passa a ter experiências que muitas vezes surpreende a família e a
sociedade, é bastante comum e pode ser vista a todo tempo.
Na teoria de Knobel acerca da
tendência grupal, como já citado acima, é a busca pela uniformidade – necessidade que o adolescente tem em se igualar com
alguém para não sentir-se excluído. Foi o que aconteceu com Ana no filme. Ela
ao ingressar no mundo adolescente se viu excluída por não ser popular, sexy, nem ter nenhum atrativo que a
fizesse ser vista e valorizada pelos demais, além de ter que lidar com o novo
namorado da mãe que ela não suportava. Logo a garota tímida, estudiosa e ótima
filha, torna-se popular e arrogante para satisfazer a sua necessidade de
pertencer ao grupo e se contrapor à mãe, o que a levaria a experimentar
diversas situações incluindo drogas, álcool e sexo, para ser aceita.
Essa experiência com o grupo é
muito importante na transição do adolescente para a fase adulta, pois é através
do grupo que ele começa a sua busca de identidade, por isso é comum que os
indivíduos nessa fase transitem por vários grupos diferentes. (KNOBEL, 1992) Essa nova identidade
construída pelo adolescente torna-o independente da família. Ana já não buscava
em seu meio familiar apoio para suas frustrações, mas recorria à amiga Ellen. O
que de fato é importante, pois a partir de então o adolescente, de uma forma
gradual, torna-se seguro em suas escolhas e com o tempo desprende-se do grupo
também e passa ao estágio de individualização adulta, proposta por Knobel.
O que ocorreu com Ana é comum e
previsto pela “tendência grupal” e as demais sintomatologias dessa síndrome, que estão ligadas entre si. As
alterações de humor e ânimo, busca de si e etc, sofridas por Ana vão quase que
inevitavelmente puxando o sintoma seguinte e assim por diante, fazendo com que
a pessoa que passa por essa fase transite por diversas situações que na fase
adulta serão de grande importância na estrutura da sua personalidade.
É
conhecida a ideia de que pais e filhos adolescentes não se relacionam bem, e
isso é visto como ruim, tendo em vista que a sociedade preza pelo equilíbrio e
bem-estar geral. (FREUD, 1917 apud SILVA; MOREIRA, 2009), porém, dizia que o atrito entre pais e filhos é
inevitável, originando-se da necessidade dos adolescentes de se libertar da
dependência de seus pais, ou seja, os conflitos entre pais e adolescentes são
normais. Sendo assim, os conflitos familiares, de fato aumentam durante o
início da adolescência, se estabilizando ao longo dela e diminuindo no final do
ciclo. As razões apontadas para isso, em sua maioria, giram em torno da
liberdade, ou seja, a busca constante da necessidade de afirmar a
independência. Esses conflitos são mais intensos quando os pais buscam manter
uma criação predominantemente severa e autoritária, buscando levar o
adolescente a internalizar valores e costumes que faziam/fazem parte de sua
época. O adolescente em contrapartida não aceita essas regras, afinal, ele está
saindo da infância e tentado ingressar na fase adulta, o que causa grandes
mudanças no relacionamento com seus pais, que de certo modo ainda o vêem como sua
criança e seu dependente, por isso, os pais precisam saber distinguir entre dar
aos adolescente independência suficiente e protegê-los de lapsos imaturos de
julgamento. Essas tensões costumam levar a conflitos familiares e os estilos
parentais de criação podem influenciar sua
forma e resultado. (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2000).
“Os
pais possuem grande dificuldade de adaptação a essa necessidade, e isso poderá
causar uma rejeição por parte do adolescente fazendo com que ele busque apoio e
aprovação em outros locais, como nos círculos de amizade. Quanto mais o adulto
se manifesta rigoroso e quer impor sua autoridade recorrendo a uma tradição,
tanto mais ele enfraquece e se enfraquece com ela. Esse recurso, portanto,
passa a produzir cada vez mais revolta por parecer sempre, em nossa cultura,
como hipócrita.” (CALLIGARIS, 2000)
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