O Afastamento familiar, tendência grupal, e a construção de Identidade.


O grupo familiar tem um papel fundamental na constituição dos sujeitos, sendo importante na determinação e na organização da personalidade, além de influenciar significativamente no comportamento individual através das ações e medidas educativas tomadas no âmbito familiar (DRUMOND FILHO, 1998).

       De fato os conflitos familiares aumentam durante o inicio da adolescência, se estabilizando ao longo da fase e diminuindo no final do ciclo. As razões apontadas   para que o adolescente procure se afastar da família, em sua maioria gira em torno da liberdade, a constante busca da necessidade de afirmar independência. Esse momento é marcado pela diferenciação e pelo reconhecimento de si como um ser único. Eles precisam dessa busca de liberdade enquanto processo de autoafirmação, e reconhecimento de identidade própria. Nessa fase onde a família e a sociedade se apresentam repreensivas às atitudes do adolescente, surgem os mais diversos conflitos familiares, mas, ao contrário do que costumam parecer, eles não são negativos, mas, de extrema importância para construção de identidade do sujeito. É comum ouvir falar que os adolescentes fazem o que querem, desobedecem a ordens e regras. Originando-se das mudanças e da necessidade dos adolescentes de se libertar da dependência de seus pais, ou seja, os conflitos entre pais e adolescentes são normais.  Segundo Erikson (1972), “Tendo em vista que esses conflitos são fortalecedores da identidade, em seu processo de construção.” Como existe uma busca constante pela identidade, o adolescente procura participar de grupos cuja maneira de pensar, agir e se comportar-se é parecida com a sua, o que Maurício Knobel chamou de Tendência Grupal.

       Paralelamente com o afastamento, o adolescente procura um grupo que pensa do mesmo modo ou de modo parecido, que sente as mesmas coisas que ele, para assim firmar sua autonomia perante a sociedade. Sobretudo através das relações de confiança com grupo, que muitas vezes não encontram no ambiente familiar, o que dificulta a relação e aprofunda o conflito com a família. Como alguns pais não entendem a necessidade de afastamento, pra uma boa formação do ego, já que a segurança, confiança, autoconceito e identidade moral são construídas nas relações sociais, e de forma individual. Também não conseguem entender essa necessidade de convivência em grupos que o adolescente sente. Assim:

Recusado como par pela comunidade dos adultos, indignado pela moratória que lhe é imposta e acuado pela indefinição dos requisitos para terminá-la (a famosa e enigmática maturidade), o adolescente se afasta dos adultos e cria, inventa e integra microssociedades que vão desde o grupo de amigos até o grupo de estilo, até a gangue. (CALLIGARIS, 2000, p. 36)

       A grande dificuldade dos pais e da sociedade em si, mesmo que um dia já tenham vivenciado isso, embora provavelmente tenha sido de outra conjuntura, em virtude principalmente da dinamicidade cultural, é a percepção das dificuldades e dos sofrimentos que essa fase gera na vida do adolescente e além disso, se tivesse maneiras claras de como lidar e conduzir as adversidades, talvez os tabus e mitos criados em relação a essa fase fosse desfeito e as pessoas que a vivenciam passasse por essa transição de uma forma menos reprimida e julgada.
       De modo que, a formação da identidade do indivíduo sofrerá influências de fatores interpessoais, que vem da identificação com outros sujeitos, ou seja, com os grupos; e de fatores culturais Nota-se então, uma interligação entre os fatores, que não estarão separados em nenhum momento do processo de desenvolvimento humano.

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